*Artigo de Opinião de Joana Dias publicado na Greensavers
A 3 de novembro, celebrou-se o Dia Internacional das Reservas da Biosfera. Há um ano, era criada a “Rede de Reservas da Biosfera da UNESCO na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP MaB[1]).
Esta Rede é espaço permanente de diálogo, cooperação e afirmação da lusofonia, num setor determinante como o é o desenvolvimento assente na conservação e uso sustentável dos recursos naturais.
Se é verdade que as Reservas da Biosfera da UNESCO são modelos de sustentabilidade e preservação dos patrimónios naturais e culturais, a CPLP MaB tem insistido na importância de conciliar a conservação da diversidade biológica com o desenvolvimento económico, social e cultural, promovendo o equilíbrio entre pessoas e natureza.
ACPLP MaB integra já 24 reservas, no Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Portugal, concretizando um esforço de articulação em rede.
As 24 Reservas da Biosfera da UNESCO reconhecidas internacionalmente nos países de língua portuguesa representam quase metade dos habitantes das reservas à escala mundial e cerca de três quartos da área da rede mundial de reservas da Biosfera. São números importantes e impressionantes que, acima de tudo, atestam a riqueza e diversidade do espaço da CPLP e a sua relevância potencial para a sustentabilidade nos quatro continentes onde está presente e onde pretende aumentar a sua visibilidade e consolidar a sua ação.
Quer se trate de ecossistemas terrestres, marinhos ou costeiros, e falemos nós de reservas nacionais ou transfronteiriças (como é o caso das reservas que Portugal e Espanha partilham – Tejo/Tajo Internacional, Meseta Ibérica ou Gerês-Xurés), estes territórios funcionam como laboratórios vivos de investigação, monitorização, educação e sensibilização para a conservação da biodiversidade e para o desenvolvimento económico sustentável.
Estes esforços exigem compromissos e diálogos contínuos entre organizações não-governamentais, comunidades locais, poder local. Esta governança inclusiva e partilhada, assente numa abordagem de direitos, tem sido uma das características e principais inovações defendidas pela ACTUAR – Associação para a Cooperação e o Desenvolvimento, organização que executa o projeto Rede CPLP MaB, desde janeiro de 2022, com o apoio da CPLP.
Após o primeiro encontro em Lisboa que marcou o lançamento da Rede CPLP MaB, o seu segundo encontro internacional vai acontecer no primeiro trimestre de 2024, na Ilha do Fogo, em Cabo Verde.
Nessa oportunidade, serão apresentados alguns resultados preliminares de iniciativas piloto no âmbito do projeto CPLP MaB, que têm tido a participação de parceiros como a Universidade de Coimbra e a Associação dos Amigos da Reserva da Biosfera da Ilha do Príncipe, respetivamente, em iniciativas de identificação e valorização de serviços de Ecossistemas e de construção de roteiros de turismo sustentável, ambos em Reservas da Biosfera da UNESCO na CPLP.
Com o objetivo de sublinhar o papel de Reservas da Biosfera da UNESCO na CPLP também na promoção de sistemas agrícolas e alimentares sustentáveis, uma das iniciativas em curso respeita à valorização e gestão sustentável de Paisagens Alimentares Produtivas nas Reservas da Biosfera da UNESCO na CPLP.
Teremos novidades em breve!
[1] Da sua sigla em inglês, Man in Biosphere (MaB). O Programa Homem e a Biosfera é um programa científico intergovernamental, lançado em 1971 pela UNESCO, que visa estabelecer uma base científica para a melhoria das relações entre as pessoas e seus ambientes. Mais informação sobre o programa MaB disponível em https://www.unesco.org/en/mab.
Publicação original:
https://greensavers.sapo.pt/rede-de-reservas-da-biosfera-da-unesco-na-cplp-o-equilibrio-entre-pessoas-e-natureza-e-possivel/
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